sexta-feira, setembro 01, 2006


Tempestade solidária...
Se a chuva cair, deixe-a molhar os seus cabelos, seus sapatos, suas botas, suas meias... Dê risada, se o seu guarda-chuva quebrar com a força da ventania, afinal, pra tudo se dá um jeito! A gente se molha agora, depois tá seco! Sinta a brisa despenteando os seus cabelos que há horas atrás você passou um tempão penteando, ajeitando do seu modo...É o modo dele, o vento, nos tocar, dar um abraço talvez... Deixe o sol tocar a sua pele, fazer você transpirar de calor, porque esse tipo de sensação é necessária e tão importante quanto outros momentos em que o suor prevalece, movido por emoções mais fortes... Permita-se usar uma roupa emprestada, brinque com os óculos do seu pai ou avó, ria de si mesmo ao sair de chinelos, arrastando a alegria com você! Coloque-se agora no lugar de quem não pode ir muito além, mas consegue chegar ou simplesmente estar lá. Tem gente que vê a chuva cair e tem medo, fica apreensivo, distraindo as crianças do convívio, para não se deixar levar pela sensação de impotência, tendo que viver num barraco, emcima de palafitas. Alguns não tem onde se abrigar, escapam por pouco tempo, embaixo das marquizes e viadutos, esperando a hora de dormir. E pior que a roupa vai demorar pra secar...Nada mal, pra quem não pode escovar os dentes, passar um perfume, pentear os cabelos... O sol nasceu pra todos, mas nem sempre podemos sentir o seu brilho da mesma maneira, apreciando a bela paisagem... O belo momento para uns é muitas vezes uma reflexão solitária para outros...Alegria na expressão daqueles que mais precisam, é receber uma roupa velha, um prato de comida, um chinelo usado pra andar muito e sempre. Não se pode parar, mesmo que não exista um rumo certo. Certo mesmo é saber que, em alguns momentos, tempestades da vida nos afligem, incomodam, perturbam o humor. Mas nessas horas, pensando juntos, podemos compreender que há muito mais coisas importantes nessa vida e que nem tudo que nos parece ruim, é verdadeiramente um mal comum. Somos privilegiados e seremos muito mais, quando percebermos que podemos ajudar a simplificar as coisas...Que a chuva nos brinde com a capacidade solidária de agir e sentir o mundo mais "próximo"...
Juliana Amorim - Bom setembro pra vocês! Amorim.

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