sexta-feira, abril 27, 2007

Carta de amor




Quando me pego em silêncio ou envolvida na multidão, percebo que o meu olhar, meus pensamentos se perdem, sem que eu compreenda o porquê, de tudo isso...



Tento me encontrar com a normalidade, com a rotina, com os hábitos adquiridos, mas me falta alguma coisa.



Falta a hora pra chegar, o ter em quem pensar, ter também esse alguém a me esperar, querer, desejar...



Me falta aquela rotina do amor, aquela ansiedade do reencontro, aquele telefonema pela manhã ou a qualquer hora do dia...

Me falta aquela voz suave e linda que me falava tantas coisas corriqueiras, me contando como foi seu dia...

Aquela voz que por vezes se perdia em comentários engraçados ou relatava os momentos mais tristes...

Me falta aquele prazer de ouvir o que alguém queria me dizer ou precisava desabafar...


Me falta a hora da chegada e a hora da partida.


Me falta aquele jeito divertido, querendo me seduzir, com aquela doce e querida presença e um pouco da brutalidade dos trejeitos, um tanto aloucados, pelo cansaço de um dia cheio...


Me falta a mão suave, a carícia bem colocada sem ser escolhida, aquele beijo e sua boca maravilhosa, embebecida pela cumplicidade de nós dois...


Me faltam o prazer e a intensidade, faltam os planos, os passeios a dois, as viagens, família reunida, os amigos compartilhados, os cuidados, as conversas, os olhos buscando a minha imagem, querendo apenas o meu prazer...
Me faltam o amor, o cheiro, o gosto...

Me faltam o susurro, o adormecer, o café da manhã, a comida bem repartida, as guloseimas e todas as bobagens que fazíamos juntos...


Me faltam manhãs, tardes... São dias e noites em que me faltam as forças, me faltam os pés, me falta a esperança.


E me faz falta um carinho seu, me falta você...


Mas me sobra a saudade, o desejo e os sonhos, imaginando que um dia poderei ser o seu amor sincero, o desejo mais puro, o verdadeiro cuidado e sentimento que você terá na vida, mesmo que eu me alimente dessa utopia...


Quisera eu pudesse ser apenas a certeza que você sempre buscou para si... Talvez lhe falte um verdadeiro amor...


Dizer eu te amo? Me faltam palavras, me sobram lágrimas...



Por Juliana Amorim - composta em 2003.


"Muitos me perguntam se tudo o que escrevo é realmente algo que vivi, experimentei, amargurei, sofri ou desfrutei com intensidade!

Mas, na realidade, o ato de escrever, compor uma crônica, poesia, um idéia, não quer dizer que ambas estejam ligadas diretamente à vida do seu autor.

Eu por exemplo, vivi realmente parte das inspirações que postei pela vida, até os dias de hoje, mas entendi que era preciso compreender o próximo, fazer uma parceria com a vida alheia e dividir dores, compreender a razão de alguns amores, alegrias, para relatar também, alguns momentos tristes de solidão.

Essa carta é algo que pode ser direcionado a qualquer pessoa que tenha vivido uma relação de amor, amizade, parceria, guardando assim, boas lembranças, intensificando tudo em palavras que ficaram apenas na memória.

Então, por tudo isso, resolvi escrever, compor algo especial, direcionado ao amor de alguém, uma saudade, uma história que nunca teve fim, porque a esperança não morre, ela eterniza algumas emoções..." (J.A.)


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