terça-feira, abril 10, 2007

Falar do fim...


Coisa estranha falar do fim...
O fim para muitos parece o momento exato para recomeçar...
Compreender que acabou, não nos compete, afinal, pra que dizer nunca mais, basta, acabou para sempre? Nem mesmo nossas vidas acabam por completo!
Mas onde encontrar sensibilidade para perceber as razões do fim, de uma despedida, de um para sempre?
Final de um ciclo, trajetórias, uma retrospectiva de tudo o que vivemos nos perturba e faz pensar...
Será que foi bom? O que não foi possível? Por que partiram? Por que chegaram? Quem não voltou? Quem nunca veio...?
Nos questionamos muito sobre a passagem do tempo, dos anos que o representam , nas passagens da vida, inspirada pelos sonhos que tentamos realizar...
Diante de todo o questionamento do cotidiano há o momento do silêncio. Mas, que silêncio é mais forte que o tempo, ultrapassando limites, superando tudo o que não conseguimos fazer e pelo que não pudemos lutar?
Talvez eu fale hoje do silêncio da morte, que cala a voz – temporariamente - daqueles que marcaram um encontro com a vida. Sim, uma nova vida que os espera agora e lhes “convida”, a seguir em frente.
Sempre lamentamos as perdas nesse momento, quando o tempo anuncia o fim, contrastado pelo início de um novo ciclo, cheio de esperanças renovadas...
Há esperança também nessa passagem... Pensemos juntos: Àqueles a quem amamos, convivemos, conhecemos, partem para uma nova vida.
Indignados, não aceitamos e nos abraçamos com a dor, adormecemos com a saudade, lamentamos o amor perdido...
Mas, será que perdemos? Egoísmo demais pensar que Lá no ALTO, ALGUÉM necessite de quem nos foi caro?
Caros amigos, pensemos no prazer deste convite inusitado!
Estavam precisando de um cantor, um ator ou atriz, um pedreiro para construir uma Obra do Universo!
Buscavam também uma cozinheira, uma arrumadeira, uma senhorinha prendada e cheia de histórias pra contar...
Queriam uma quituteira de mão cheia! Talvez fosse preciso ter um engenheiro, um eletricista, arquiteto, jornalista, padeiro ou um professor para ensinar à todos que agora é chegada a fase de recuperação!
Precisavam de um desenhista para colorir o Céu, um aposentado para ensinar as manhas do carteado e as habilidades de um vovô cheio de experiências, ou mesmo a energia da juventude fosse precisa e exata, para evoluir com a alegria das crianças que não são limitadas a este convite.
O mundo precisa delas e ELE também...
Assim, fica mais fácil perceber que as perdas são apenas um acerto de contas, um compromisso que deve ser cumprido, uma Dádiva Divina que nos é concedida e que mesmo resumindo o tempo, o fim de mais um ciclo, podemos contribuir de todas as formas, mesmo que tenhamos que conviver com a saudade de quem foi chamado para começar uma nova vida, distante daqui, perto do coração, eternamente...
Juliana Amorim – 29/12/2005.

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